terça-feira, 23 de novembro de 2010

“Salve, salve!” “O bicho vai pegar!”



Os meios de comunicação nos entretêm de varias formas, com programas de palco, jogos, fofocas, etc. Todos os dias, canais disputam a nossa atenção fazendo de tudo para ficarmos presos diante da TV e, de preferência em suas emissoras.

Uma das maiores idéias e que foi aceita de uma forma tão rápida e impressionante foram os reality shows. Esses programas se resumem em colocar pessoas ditas comuns para conviverem entre si diante de situações constrangedoras, intensas, agressivas e emocionantes para mostrar ao mundo o que aconteceria se colocássemos pessoas de personalidades tão diferentes enclausuradas durante certo tempo juntas em um só lugar uma casa e de preferência, com muitas e muitas câmeras.

Tudo é feito de uma forma magnífica. As câmeras insanas procuram escândalos para que o programa seja um grande sucesso e que a audiência aumente a cada apresentação. Os “personagens dessa história” são escolhidos de maneira muito inteligente, pessoas pobres diante de ricas, gays diante de homofônicos, patricinhas diante de bad boys, sem falar que é inadmissível a ausência de mulheres lindas de corpos esculturais para agradar o sexo masculino e homens lindos e fortes para deixar as mulheres enlouquecidas.

Nada é perdido. Cada intriga e fofoca são captadas pelas câmeras e transmitidas imediatamente para os olhos atentos dos telespectadores que não perdem um único programa para não ficarem de fora de todos os acontecimentos. Com certo tempo, com o programa no ar, os “personagens” passam a ser amados e odiados por aqueles que os observam. Passam a ser considerados ídolos, heróis e vilões e o programa ganha cada vez mais audiência e acaba se tornando uma grande novela dramática.

Mas o que os “os personagens” querem realmente participando desse programa? Os motivos são inúmeros. A maioria busca a fama imediata e riqueza, a minoria que é de certa forma usada pelo “programa”, que é menos favorecida ou pobre se preferir, vai em busca do dinheiro para mudar o rumo e a realidade da sua vida e outros querem simplesmente aparecer.

Querer saber da vida alheia sempre foi um fascínio do ser humano. E poder fazer isso sem ser descriminado é melhor ainda. Poder ver de camarote as brigas, insultos, fofocas, mentiras e os planos para destruírem uns aos outros é interessantíssimo. E o que deixa tudo muito mais excitante é poder decidir e comandar a vidas das “criaturas” que lá estão e poder eliminá-las quando a presença delas não convir para o seu divertimento, isso se os telespectadores forem mesmo os responsáveis pela eliminação dos personagens. A dúvida fica no ar.

Uma situação que ninguém percebe é que tanto os participantes quanto os telespectadores são manipulados por esse tipo de programa que busca gerar emoções que aumentem o IBOPE, gerando lucro, de tal forma que a imprevisibilidade característica dos reality shows sejam previsíveis para os organizadores, sem que ninguém perceba.

E justamente por essas pessoas não terem essa grande percepção e viverem em um mundo de realidades tortuosas não têm outra saída a não ser assistir, percebendo que o mundo não é tão cruel somente com elas, sentindo a sensação de que “existem pessoas por ai que sofrem muito mais do que eu” e sentindo o fascínio de acompanhar todo o processo até o esperado desfecho deixam todo o senso critico de lado, fugindo do mundo real.

Esse tipo de programa não tem uma finalidade que acrescente algo para o ser humano. Enquanto os que assistem não perdem um programa e passam horas na internet e nos telefones durante os dias de votação enriquecendo quem quer que seja não percebem que há coisas muito mais importantes para se fazer e pensar.

Aposto que poucas pessoas pensam no seguinte fato: enquanto 12 a 14 pessoas se “matam” para conseguir uma grande quantia em dinheiro, o país sofre com miséria, fome, desemprego e outros males que assolam nosso querido Brasil. Porque não achar uma finalidade útil para todo esse dinheiro??

Os dois mais famosos reality shows do Brasil, Big Brother Brasil e A Fazenda, já premiaram juntos 9 milhões de reais em todas as suas edições. Um bom dinheiro, não é verdade? E pensar como uma quantia tão exorbitante poderia ter um fim muito melhor não seria uma ótima alternativa para pelo menos ajudar quem precisa?

Reality shows não servem para nada! Enganam pessoas, usam outras, usam o dinheiro para enfeitiçar pessoas gananciosas e necessitadas para realizar um grande espetáculo. Alem de ser de uma futilidade indescritível, usa o dinheiro de forma errada. Os telespectadores deveriam pensar muito mais no que eles e suas famílias assistem, não deixando que futuras gerações percam seu tempo se preocupando com COISAS sem importância nenhuma que estão diante das câmeras e TVs e esquecenco o que esta diante de seus próprios olhos no dia a dia.

Iaí? Ainda vai querer “dar uma espiadinha”?

Um comentário:

Rebecca Fonseca disse...
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