domingo, 12 de setembro de 2010

M(T)eus medos


Olá, hoje vim até vocês para relatar meus medos, minhas angústias e meus sofrimentos. Nada como ouvir o desabafo de outro alguém para perceber em nós mesmos tudo o que queremos renegar. Estarei aqui relatando tudo o que sinto, e todos esses sentimentos serão transformados em palavras pelo meu amigo.
Eu tenho medo. Eu tenho medo do escuro e das criaturas que nele vivem e das maldades que elas são capazes de cometer. Tenho medo de me perder e essa escuridão me consumir como um labirinto que engole as vítimas do Minotauro. Tenho medo dos sons e dos rugidos que ouço e nunca sei de onde vêm, tenho medo das presenças infelizes que nunca estão lá. Eu tenho medo do escuro.
Eu tenho medo. Eu tenho medo de não ser nada ou das pessoas me esquecerem. Tenho medo de ser tão miseravelmente insignificante que ninguém possa me notar e quando passarem por mim me virem como um indigente. Tenho medo de que eu simplesmente seja absolutamente nada e que minha presença não faça diferença alguma para alguém. Eu tenho medo de ficar sozinho.
Eu tenho medo. Eu tenho medo de que tudo que eu faça na vida seja inútil e que nenhuma ação minha seja reconhecida. Tenho medo de que todos vejam coisas ruins nas minhas decisões e que não dêem crédito ao que falo. Tenho medo de que todas as minhas apostas, toda a minha vontade e minhas esperanças sejam perdidas em uma atitude impulsiva. Eu tenho medo de tomar decisões.
Eu tenho medo. Eu tenho medo de que meus olhos se fixem a uma só pessoa. Tenho medo de que minhas mãos tremam e não sigam ao meu comando. Tenho medo de que meu coração bata tão forte, que pare e eu morra sem saber o motivo. Tenho medo de viver somente na imaginação e me frustrar com a cruel realidade. Tenho medo de que tudo que eu sinta seja sentido somente por mim mesmo. Eu tenho medo de amar.
Eu tenho medo. Eu tenho medo das coisas que acontecerão. Tenho medo de que minha vida mude drasticamente e eu não possa fazer nada. Tenho medo de tudo fugir do meu controle e o desespero tomar conta de mim. Tenho medo de não saber o que vai acontecer e não poder me preparar para o que virá. Eu tenho medo do futuro.
Eu tenho medo. Eu tenho medo de que quem sempre esteve por perto suma. Tenho medo de que eu afaste tudo e todos. Tenho medo de que quem eu confie não confie mais em mim e que eu perca todos a quem prezo. Eu tenho medo de perder as pessoas que amo.
Eu tenho medo. Eu tenho medo de ouvir o que eu não quero. Tenho medo do que as pessoas falam e tapo meus ouvidos para não escutar. Tenho medo de que tudo que as pessoas falem fuja da minha realidade e meu modo de pensar. Tenho medo da rispidez que vem junto com as palavras que nego em aceitar. Eu tenho medo da verdade.
Eu tenho medo. Eu tenho medo do que sou. Tenho medo de sentir vergonha do meu interior. Tenho medo de não ser aceito pelos que me rodeiam. Tenho medo de ser excluído pelas minhas particularidades. Tenho medo de me sentir inferior às outras pessoas. Eu tenho medo de não agradar. Eu tenho medo de ser eu mesmo.
Eu tenho medo. Eu tenho medo de que nada seja como eu desejo. Tenho medo de que eu me perca nas coisas que desconheço. Tenho medo de não entender como as coisas vão funcionar. Tenho medo de que tudo seja diferente e eu não consiga acompanhar e entender tudo que me é exposto. Eu tenho medo das mudanças.
Eu tenho medo. Eu tenho medo de ser agressivo e não querer ouvir outros pontos de vista. Tenho medo de querer sempre colocar minhas opiniões acima dos outros. Tenho medo de não estar lá simplesmente por não achar necessário. Tenho medo de me achar superior e desconsiderar as súplicas dos demais. Eu tenho medo de não entender as outras pessoas.
Eu tenho medo. Eu tenho medo de que tudo acabe rápido e de um jeito inesperado. Tenho medo de que eu não tenha feito tudo o que eu queria fazer. Tenho medo de que tudo seja monstruoso e implacável. Tenho medo de não ter ajudado quem eu deveria e ter falado o que devia. Eu tenho medo de morrer.
Eu tenho medo. Eu tenho medo de que a vida seja difícil para mim. Eu tenho medo de que as dificuldades assolem minha alma. Eu tenho medo de que tudo isso me impeça de perceber a vida como algo belo e indescritível. Eu tenho medo de que tudo isso me impeça de viver. Eu tenho medo de sentir medo.

Conte-me seu medo, se você não tiver medo, é claro...

Billy ODEM (Pedro Maciel).

8 comentários:

Hortência Beatriz disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Hortência Beatriz disse...

Tenho medo de perder meus amigos,um medo inútil,mas tenho!

é bom que cuidemos em vencer esses medos...

corajoso o que passa por cima do horror em questão!

Carina Di Leo disse...

"Tenho medo de me perder e essa escuridão me consumir como um labirinto que engole as vítimas do Minotauro."
Fantasticoo!
Mais uma postagem merecedora de elogio! muito bom!

Anônimo disse...

Eu Tenho medo de admitir que os meus Medos digam o que eu sou...

Pedro Ficou Interessante Demais Kra

Mila andrade disse...

Todos temos medos..Parte do ser humano..Não devemos é deixar que eles nos levem ao fundo d poço!
Gostei q só d texto Pedro!=D
Continue assim, escrevendo pra desabafar, pra mostrar seus pensamentos. Escrever além de arte é terapia! =D

DOMÍCIO M. MACIEL disse...

Ter medo é natural, pois o ser humano é dotado do instinto de preservação. Portanto, devemos ter medo de deixar de ter medo, mas não devemos exarcebar esse sentimento para não desvalarmos na fobia ou obsessão.
Quando temos medo, nos percebemos mais, não é mesmo? O coração bate mais rápido, o corpo pode tremer, os ouvidos ficam mais sensíveis, em suma ficamos num estado de alerta. Isso significa que estamos vivos!!. Muito bom, Pedro, gostei do desdobramento de cada medo citado ou da síntese de tantos medos em um só parágrafo...Parabéns. Quero voltar aqui para uma outra abordagem

DOMÍCIO M. MACIEL disse...

O grau do medo atrapalha as relações que as pessoas têm e dificulta seus sucessos. É importante cultivar a auto-confiança e a confiança nas pessoas. O medo pode consistir no grau de confiança em si mesmo, nos outros e em Deus. O Espírito Hammed (psicografado por Francisco do Espírito Santos Neto) nos ajuda apensar sobre, se expressando assim: "o medo será sempre a lente que aumentará o perigo. Segundo a excelência do pensamento de Tito Lívio, historiador latino nascido em 59 a.C., "quanto menor o medo, tanto menor o perigo"". Vamos nos defender, sem se retrair, sem nos afastar dos outros e sem deixar de buscar o lado bom da vida que, pensando bem, não existe outro.

Poltrona Séries disse...

JÁ TIVE MEDO DO ESCURO MAS CRESCI
não sei porque ainda durmo de luz liga
JÁ TIVE MEDO DE AMAR, ENTÃO AMEI,
e não sei porque ainda continuo amando
JÁ TIVE MEDO DE CHEGAR AO FINAL DA VIDA E NÃO SER FELIZ
mas descobri que a felicidade é a vida e não apenas o final
JÁ TIVE MEDO DE VIVE E PENSEI QUE SERIA MAIS FÁCIL UM SUICÍDIO
mas hoje apego-me a vida de tal modo que tenho medo de morrer
HOJE MEU MEDO MAIS ABSOLUTO É A MORTE
pois não sei se depois de beijá-la poderei sentir medo de amar, de viver, de ser feliz, ou de apenas sentir medo novamente.
ENTÃO HOJE EU SINTO MEDO, NÃO APENAS POR SENTIR MEDO
MAS PORQUE SEI QUE QUANDO SINTO MEDO EU ESTOU VIVO