quarta-feira, 24 de março de 2010

"Música" para os nossos ouvidos


A música desde os primórdios da existência humana vem fazendo parte de nossas vidas. Anteriormente, bem anteriormente, na idade antiga ela vinha sendo usada nos rituais religiosos, festas e guerras. Com o passar dos séculos, acompanhou os versos que eram antes declamados solitariamente. E assim foi ocorrendo mudanças com o decorrer dos tempos.
E hoje? O que é a musica para nós? Sei lá, mas acho que as coisas realmente mudaram. Música deve ter harmonia, melodia e ritmo e para ser realmente boa, deve ter uma melhor harmonia, melodia e ritmo. Hoje, elas são apenas um punhado de repetições e letras às vezes agrupadas sem ter lá o mínimo sentido. Deixando bem claro aqui que falo da maioria, pois muitos artistas por ai continuam com um excelente trabalho.
Devido à cultura de massa veiculada pelos meios de comunicação, sendo um produto da indústria que apenas vive com o intuito de gerar “entretenimento” para toda a população, utiliza desse meio para afastar os problemas que afetam o povo (política do pão e circo) e gerar riquezas. Mas isso não vem ao caso agora e nem é isso que será discutido aqui.
O que as pessoas ouvem ultimamente? O gosto pessoal está ai para responder essa pergunta. Temos vários estilos e ritmos: Axé, forró, brega, sertanejo, tecno, rock e tantos outros e suas ramificações. Mas a real pergunta não é o estilo ou ritmo, mas sim o que é transmitido por essas músicas. Toda música transmite uma mensagem seja ela sobre o amor, desilusão, questões políticas, etc. O único problema é que nos tempos de hoje a mensagem que nossos ouvidos e cérebros esperam, ou seja, algo com conteúdo, esta sumindo junto com o nosso censo crítico de ver o mundo, isso se ainda não evaporou de vez.
O que está por trás dessa nova forma de fazer música? Apenas ter o que vender e não se preocupar mais com o que é transmitido para as pessoas? E os ouvintes? Não se preocupam mais com o que eles mesmos ouvem e também seus próprios filhos? Será que ninguém mais tem vontade de fazer música como antigamente? Essas são as perguntas que eu e provavelmente outras pessoas se fazem todos os dias ou não.
Pelo que percebo uma das características das músicas de hoje é uma letra bem simples de se aprender e de se assimilar com isso fica muito mais fácil “grudar” nas nossas cabeças, um bom plano para que façam sucesso por tanto tempo. Mas dizem também que somos o que ouvimos então, essas músicas não fazem sucesso apenas por serem simples, mas também por serem ouvidas por pessoas que se envolvem e se identificam com elas. Mas porque será que nós nos identificamos tanto com essas músicas? Sobre o que elas falam? Simples. Falam simplesmente sobre sexo, bebidas, farra, festas, o que todo mundo no fundo gosta.
Mas para falar a verdade não são só as letras que colaboram para tudo ficar mais fácil, outro “instrumento” que é muito usado para chamar mais atenção são as mulheres com seus corpos perfeitos e muitas vezes avantajados, com bumbuns enormes, pernas grossas e seios fartos. Quem não se lembraria de uma música tendo um “símbolo” tão chamativo, não é verdade?
Será que estamos ficando menos exigentes? Por que será que tudo que é novo agrada? Os produtores e gravadoras acham artistas que escolhem apenas melodias dançantes e se esquecem da letra, que é realmente muito importante.
Onde esta a qualidade poética que antes era tão difundida? Será que o gosto das pessoas mudou tão drasticamente? As décadas de 60, 70, 80 foram marcadas por excelentes compositores e cantores de todos os estilos musicais. Nessa época em que a ditadura militar usava a seu poder para evitar que certas músicas fossem para o “povão”, elas eram muitas mais elaboradas e feitas com muito mais criatividade. Entre eles estão Chico Buarque, Vinicius de Morais, Caetano Veloso, Tom Jobim, Toquinho e outros.
Na época em que vivemos tudo que é lançado vira música e faz sucesso. Onde estão os críticos para criticarem? Por que a mídia, sendo um instrumento que deveria transmitir o que realmente faria diferença em nosso desenvolvimento mental e social colabora e impõe essas “músicas” e “bandas”?
Essas “bandas” e essas “músicas” têm como um conjunto de características terem rimas absurdamente simples, não precisam exatamente de pessoas que saibam cantar, pois existe o playback que já é bastante usando hoje, mas é extremamente necessário que sejam muito bonitos, um grupo de dançarinas, lindas por sinal...
Bom, pondo um fim em meu argumento, quero dizer que hoje o talento de compositor e cantor não é muito exigido. Qualquer um que tiver uma “idéia” ou “criatividade repentina”, hoje, abala as estruturas do mundo. Provavelmente os grandes compositores do passado não se dariam muito bem com o gosto dos ouvintes de hoje e possivelmente passariam fome. O que será que está acontecendo com a cultura brasileira?


Não me assustaria se alguém estivesse se remoendo em seu túmulo agora...

Pedro Maciel.

2 comentários:

Aquiman Costa disse...

Essa parte do crítico me atraiu muito. O que eu quero falar é que o povo não dá a mínima para a crítica, neste caso, a musical, já que a música, pelo menos para mim, é a arte das mais subjetivas. E algo que faz sucesso é levado como se fosse um dogma pela maioria e se um crítico chegar dizendo que música tal não presta por causa da literatura fraca ou mesmo pela sonorização mal elaborada, as pessoas não irão dar ouvidos a ele. A proffissão do crítico é de trazer discussões acerca da obra estudada em seu determinado tempo. Mas como a música mexe com todos e é a mais subjetiva, muitas pessoas não ligam e acham correto dizer que: "gosto não se discute". Eu particularmente acho essa frase equivocada. Não vou mais entrar em comentários que dizem respeito á música porque eu não a entendo totalmente e talvez minhas opiniões pudessem ser vistas como a de um "ignorante". Dito isso, gostei do post.

DOMÍCIO M. MACIEL disse...

Pedro, a boa musica é aquela que além de nos enlevar espiritualmente pela sonoridade de suas notas, nos faz pensar sobre nossa vida, mesmo que a ótica do autor nao foi bem a nossa quando escreveu.
No meu orkut, os vídeos que posto, relativos à reprodução de uma música, são, na sua maioria, comentados por mim, pois sabendo que é uma postagem pública, e em particular para os meus amigos associados, traduzo o que aquela música me fez pensar, dai merecer estar lá entre os meus vídeos preferidos.
Entendo que as musicas de massa, apesar de ser a realização de um sonho de quem as produz e consegue veicular, e isso deve ser respeitado (nem sempre tenho essa atitude, confesso), sao exploradas pelas pessoas, motivacionalmente, para outros fins, não por gostar sinceramente delas...As pessoas vão em sua onda enquanto tem alguém na mesma, não pela onda, mas pela pessoa que está nela e pode lhe dar um retorno particular. Então, que ondas sonoras por onde nos deixamos levar seja aquelas que sempre nos venha ajudar a ser melhor...Abracos